Estratégia e Planejamento

Modelo Carnegie de Tomada de Decisão

Entrelaçando Racionalidade e Coalizões nas Organizações

O Modelo Carnegie de tomada de decisão é um framework que aborda a complexidade e a natureza colaborativa das decisões organizacionais. Ele se destaca por enfatizar a tomada de decisão como um processo que é influenciado tanto por fatores racionais quanto políticos dentro de uma organização. A seguir, detalho mais sobre o modelo, suas recomendações de uso e uma aplicação prática.

Profundidade no Modelo Carnegie

O Modelo Carnegie foi desenvolvido na década de 1950 por Herbert A. Simon, junto com James G. March e Richard Cyert, como uma resposta às limitações do modelo de racionalidade plena. Ele considera as decisões como resultado de negociações, compromissos e satisfação de diversos participantes dentro da organização, em vez de serem escolhas puramente lógicas ou ótimas.

Este modelo baseia-se em três principais conceitos:

  1. Racionalidade limitada: Reconhece que os indivíduos têm capacidade limitada de processar informações e, portanto, agem com uma racionalidade limitada, fazendo escolhas que são “satisfatórias” em vez de ótimas.
  2. Solução de problemas satisfatória: Os membros da organização buscam soluções que sejam “boas o suficiente” ao invés de perfeitas, focando em alternativas que atendam a um nível de aceitação, em vez de maximizar o desempenho.
  3. Conflito e coalizão: As decisões são vistas como o resultado de conflitos e negociações entre diferentes grupos e interesses dentro da organização, levando à formação de coalizões.

Situações Recomendadas para o Modelo Carnegie

O Modelo Carnegie é particularmente útil em cenários onde:

  • As organizações enfrentam problemas complexos e ambíguos, com múltiplas soluções possíveis.
  • A informação disponível é incompleta, e as decisões precisam ser tomadas sob incerteza.
  • Existem múltiplos stakeholders com interesses variados e, muitas vezes, conflitantes.
  • As decisões são influenciadas por negociações e dinâmicas de poder internas.

Aplicação Prática

Exemplo: Reestruturação Organizacional em uma Empresa

Imagine uma grande corporação que está considerando uma reestruturação para melhorar a eficiência e a inovação. O processo de tomada de decisão segue o Modelo Carnegie:

  1. Identificação do Problema: A alta direção percebe que a estrutura atual da empresa está obsoleta e não favorece a inovação nem a eficiência operacional.
  2. Formação de Coalizões: Diferentes departamentos e unidades de negócios formam coalizões para defender seus interesses. Por exemplo, o departamento de pesquisa e desenvolvimento pressiona por mais recursos para inovação, enquanto o departamento de operações foca na eficiência de custos.
  3. Racionalidade Limitada: Os decisores reconhecem que não podem avaliar todas as possíveis configurações organizacionais e seus impactos devido à complexidade e ao volume de informações. Portanto, eles buscam soluções que pareçam satisfatórias para a maioria das partes.
  4. Negociação e Compromisso: As coalizões negociam entre si, buscando um consenso ou um compromisso que atenda suficientemente aos interesses de cada grupo.
  5. Decisão e Implementação: Uma nova estrutura organizacional é escolhida e implementada, refletindo os interesses e o equilíbrio de poder entre as coalizões.

Neste cenário, o Modelo Carnegie permite uma abordagem mais realista e prática da tomada de decisão organizacional, considerando as limitações humanas, a diversidade de interesses e a necessidade de negociação e compromisso.

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